sábado, 5 de setembro de 2009

Criacionismo e Planejamento Inteligente


Criacionismo e Desenho Inteligente

(Por Dimítri de Araújo Costa*)

Um resumo bíblico do Criacionismo escrito na Bíblia Sagrada encontra-se no seu primeiro livro (Gênesis) e em seu primeiro capítulo:

No vers. 1 encontramos: “No Princípio criou Deus os céus e a terra”.

- 1º dia: criação da luz e distinção do Dia e da Noite. Gn 1: 3-5;

- 2º dia: criação da Atmosfera. Gn 1: 6-8;

- 3º dia: criação da terra (“porção seca”) e das plantas. Gn 1: 10-13;

- 4º dia: criação do Sol, Lua, estrelas, estações, dias e anos. Gn 1: 14-19;

- 5º dia: criação dos animais aquáticos e aves. Gn 1: 20-23;

- 6º dia: criação dos animais terrestres e do homem. Gn 1: 24-31;

- 7º dia: descanso de Deus.

Até o séc. 19, o ocidente tinha o relato bíblico como a única explicação para o surgimento do planeta e de tudo que há nele, apesar de que na época, já haviam ocorrido algumas manifestações contrárias a esta forma de pensar, mas poucos tinham coragem de ir contra a influência da Igreja Romana.

Atualmente, tal Igreja prega que a história bíblica da criação é uma alegoria que deve ser discernida à luz da Ciência.

Em 1859, o inglês Charles Darwin publicou o livro “A origem das espécies”. Antes dele, como foi dito anteriormente, outros cientistas, como Lamarck já haviam sugerido que os organismos mudam ao longo do tempo. Mas Darwin, que fez observações de fósseis, plantas e animais durante uma viagem ao redor do mundo com o “Beagle”, foi o primeiro a propor uma explicação lógica para a evolução.

Segundo Darwin, os organismos evoluíram ao longo dos anos dando origem ao homem, aos animais e às plantas que observamos na natureza. Disso, decorre que as espécies mais bem adaptadas às mudanças do ambiente sobreviveram e transmitiram para os descendentes esta melhor adaptação. Enquanto que, as espécies que não obtiveram esta adaptação foram desaparecendo. Isto é conhecido como “Seleção Natural” e que explica a existência de fósseis de espécies extintas.

Desde a década de 1980, os estudos biológicos estão fortemente direcionados para o nível molecular a fim de desvendar estruturas e processos biológicos anteriormente obscuros para a Ciência. Isto tem proporcionado diversos esclarecimentos, inclusive em uma área iniciada pelo bioquímico e pesquisador sênior do Discovery Institute, Michael Behe, que em seu livro Best-Seller A Caixa Preta de Darwin (1997) propõe a teoria denominada “Complexidade Irredutível”.

Sistema irredutivelmente complexo

É um sistema único composto de várias partes compatíveis, que interagem entre si e que contribuem para sua função básica, caso em que a remoção de uma das partes faria com que o sistema deixasse de funcionar de forma eficiente. Um sistema irredutivelmente complexo não pode ser produzido diretamente (isto é, pelo melhoramento contínuo da função inicial, que continua a atuar através do mesmo mecanismo) mediante modificações leves, sucessivas, de um sistema precursor, porque qualquer precursor de um sistema irredutivelmente complexo ao qual falte uma parte é, por definição, não-funcional.

O primeiro passo para determinar a complexidade irredutível consiste em especificar a função do sistema e de todos os seus componentes. Um objeto irredutivelmente complexo será composto de várias partes, todas as quais contribuem para a função.

Um exemplo mecânico simples, como uma ratoeira, é um bom exemplo.

As ratoeiras consistem de certo número de partes:

1) Uma tábua lisa de madeira, que serve como base;

2) Um martelo (precursor) de metal, que realiza o trabalho de esmagar o rato;

3) Uma mola com extremidades alongadas, que faz pressão contra a tábua e o martelo quando a ratoeira é armada;

4) Uma trava sensível, que dispara quando nela é aplicada uma leve pressão;

5) Uma barra de retenção feita de metal ligada à trava e que prende o martelo quando a ratoeira é armada.

* Há também vários grampos para manter o sistema articulado.

O segundo passo para determinar se um sistema irredutivelmente complexo consiste em perguntar se todos os componentes são necessários à função. Isto ocorre com os componentes da ratoeira, pois se não houvesse a base da madeira, tampouco haveria uma plataforma para nela prender os outros componentes. Se faltasse o martelo, o rato poderia passar sobre a plataforma sem ficar preso na base da madeira. Se não houvesse mola, o martelo e a plataforma estariam frouxamente ligados. Se não houvesse trava ou barra de metal, então a mola dispararia o martelo logo que a soltássemos e, para pegar o rato, teríamos que correr atrás dele, com a ratoeira aberta na mão.

A fim de compreender bem a conclusão de que um sistema é irredutivelmente complexo e, por conseguinte, não tem precursores funcionais, precisamos fazer uma distinção entre o que é precursor físico e precursor conceitual. A ratoeira não é o único sistema que pode imobilizar um rato. Pode-se também utilizar uma ratoeira de cola, ou uma caixa inclinada apoiada em uma vareta que pode ser derrubada. Ou podemos simplesmente atirar no rato com uma espingarda de chumbinho ou mata-lo com veneno. Esses, porém, não são precursores físicos da ratoeira comum, uma vez que não podem ser transformados – um passo evolutivo após outro – em uma ratoeira com base, martelo, mola, trava e barra de retenção.

Mas digamos, será a bicicleta um precursor físico (e potencialmente evolutivo) da motocicleta? Não, pois se trata apenas de um precursor conceitual. Nenhuma motocicleta na história, nem mesmo a primeira, foi fabricada apenas modificando-se uma bicicleta através de etapas. É bastante possível que uma pessoa pegue uma bicicleta, um motor de cortador de grama e algumas peças avulsas e com certo período de tempo construa uma motocicleta que funcione. Mas esse fato demonstra apenas que os humanos podem planejar sistemas irredutivelmente complexos, o que já sabemos.

Para ser precursora no sentido “evolutivo”, temos de demonstrar que uma motocicleta pode ser construída a partir de “numerosas, sucessivas e ligeiras modificações” introduzidas em uma bicicleta, e isto, é impossível.

Função mínima

Qualquer dispositivo que tivesse componentes os cinco componentes de uma ratoeira padrão, ainda assim, poderia deixar de funcionar. Se a base fosse feita de papel, por exemplo, a ratoeira se desmancharia. Se o martelo fosse pesado demais, quebraria a mola. Se a mola fosse frouxa demais, não acionaria o martelo. Se a barra de retenção fosse muito curta, não alcançaria a trava. Se a trava fosse grande demais, não dispararia na ocasião apropriada.

É necessária uma lista simples dos componentes da ratoeira, mas não o suficiente para produzir um dispositivo que funcione. Para ser candidato à “evolução natural” um sistema precisa ter uma função mínima. Ou seja, a capacidade de realizar um determinado trabalho em circunstâncias fisicamente realistas. Portanto, a ratoeira feita de materiais impróprios não atenderia ao critério de função mínima.

As Proteínas e os Cílios

As Proteínas são as “máquinas” existentes nos tecidos vivos que constroem as estruturas e se encarregam das reações químicas necessárias à vida. O primeiro passo na captação da energia do açúcar (Glicose) e sua transformação em uma forma utilizável para o corpo, por exemplo, é determinado por uma proteína catalisadora, e enzima Hexocinase. A pele é constituída em grande parte por uma proteína chamada Colágeno. E quando o fóton proveniente da luz atinge nossa retina, a proteína Rodopsina inicia o processo da visão.

Pode-se notar mesmo com esse limitado número exemplos, que elas são espantosamente versáteis. Não obstante, uma dada proteína tem apenas um ou alguns usos: a Rodopsina não constitui a pele, e o colágeno tampouco pode interagir bem com o fóton proveniente da luz. Por isso mesmo, uma célula típica contém milhares e milhares de diferentes tipos de proteínas, que desempenham as muitas tarefas necessárias à vida.

Além disso, para que uma proteína funcione, deve ocorrer o posicionamento exato dos diferentes tipos de grupos de aminoácidos, além da exata ligação dos peptídeos, formando uma estrutura extremamente complexa, como a Hemoglobina, a Queratina, e as diversas proteínas e enzimas existentes.

Com base na descrição relatada, pode-se comparar com uma estrutura biológica bastante peculiar: o Cílio.

O cílio consiste de um feixe de fibras revestida por uma membrana, que é um crescimento da membrana da célula, de tal modo que o interior do cílio é ligado ao interior da célula. Em um corte transversal, encontram-se nove estruturas semelhantes a bastões em torno da periferia. Os bastões são denominados microtúbulos. Em cada uma dessas estruturas há dois microtúbulos unidos, além de mais dois deles no centro.

Os microtúbulos são constituídos por filamentos de uma proteína denominada Tubulina. Quando as condições no interior da célula são apropriadas (quando, por exemplo, a temperatura está dentro de certos limites e quando a concentração de Cálcio está exatamente correta) as unidades de Tubulina tendem a se unir para formar miofilamentos e, consequentemente, o microtúbulo.

Esta união que conduz a formação do microtúbulo se deve ao fato de que as moléculas de outra proteína, a Globulina, são extremamente específicas entre si. Embora as moléculas de Tubulina tenham a capacidade de se associar r formar microtúbulos, estes não se unem sem o auxílio de outras proteínas. Há uma boa razão para isto, pois os microtúbulos realizam diversas funções na célula, como manutenção da forma da célula, além de atuar na divisão celular. No caso da maioria delas, são necessários microtúbulos isolados (não-associados). Para outras (incluindo o movimento ciliar). Contudo, são necessários feixes de microtúbulos.

Desse modo, os microtúbulos existem de forma individual, como os pequenos bastões de um jogo de varetas, a menos que sejam reunidos, propositadamente, em feixes para realizar um determinado trabalho. Os tipos de proteínas que conectam os microtúbulos individuais são:

* Pontes que ligam os dois microtúbulos;

* De cada um dos microtúbulos duplos projetam-se um raio radial na direção do centro do cílio;

* A Nexina liga cada microtúbulo duplo, externamente ao que está ao seu lado;

* Além disso, há projeções que adornam cada microtúbulo periférico, os “braços externos” e “braços internos”. Essas projeções contêm uma proteína chamada Dineína, que faz parte das proteínas que funcionam como minúsculos “motores” na célula, fornecendo energia ao movimento mecânico.

Agora para se saber como um determinado objeto funciona, temos de desmontá-lo e remontá-lo, parando em vários pontos para verificar se a função foi restaurada.

A estratégia básica da Bioquímica no século XX foi demonstrar sistemas moleculares e tentar monta-los outra vez. Experimentos deste tipo deram indícios aos bioquímicos sobre como funciona o cílio. A primeira pista vem de cílios isolados. Os cílios podem ser separados das células por um sistema de alta centrifugação. Isso permite obter uma solução de cílios puros em um tubo de ensaio. Se houver acréscimo de moléculas de ATP na solução, os cílios irão adquirir uma movimentação em uma forma característica de “chicotada”. Esse resultado demonstra que o elemento fornecedor de energia (“o motor”) desencadeará o movimento ciliar que se encontra no próprio cílio, e não no interior da célula.

A segunda pista é que se os braços de Dineína forem removidos (por técnicas bioquímicas) e o resto do cílio permanece intacto, este ficará imóvel. A reposição de novos braços nos cílios imóveis permite que o movimento se reinicie. Dessa maneira, o fornecimento de energia está contido nos braços de Dineína.

Ainda há outras pistas, as enzimas conhecidas como Proteases decompõem as proteínas em peptídeos e, posteriormente, aminoácidos, então, quando uma pequena quantidade de proteases é adicionada por um curto período de tempo a uma solução que contenha cílios, estas enzimas irão dissociar rapidamente os conectores de Nexina na borda da estrutura e o restante dos cílios permanece intacto. Isto ocorre porque os conectores de Nexina não são dobrados com firmeza, ao contrário, eles são fracamente conectados, sendo flexíveis.

Portanto, com a remoção dos conectores, o cílio não ficou imóvel, como quando se removeu os braços de Dineína, entretanto ao lhe ser fornecida energia na forma de ATP, o cílio em vez de se dobrar, desenrolou-se rapidamente. Devido que, os microtúbulos individuais começaram a deslizar um pelo outro. Com isso, percebeu-se que os braços de Dineína funcionavam, mas os conectores de Nexina são necessários para manter o cílio integralmente quando ele se dobrar.

Que componentes são necessários para que um cílio funcione? O movimento do mesmo certamente exige microtúbulos. De outra maneira, não haveria filamentos para deslizar. Além disso, ele necessita de um fornecedor de energia (“o motor”) ou simplesmente os microtúbulos do cílio permaneceriam imóveis. Ele também precisa de conectores para “empurrar” os filamentos vizinhos, convertendo o movimento de deslizamento em movimento de curvatura e impedindo que a estrutura desmorone. Todas essas estruturas são necessárias para realizar uma única função, o movimento ciliar. Do mesmo modo que uma ratoeira não funcione, a menos que todas as suas partes constituintes estejam presentes, o movimento ciliar não existe na ausência de microtúbulos, conectores e motores.

Podemos, por conseguinte, concluir que o cílio é de complexidade irredutível – uma enorme chave-inglesa jogada em sua presumida “evolução gradual darwiniana”. O cílio é um membro da classe de sistemas de natação. Os microtúbulos são os “remos”, cuja superfície entre em contato com o meio líquido e o empurra. Os braços de Dineína são os “motores”, que fornecem a força necessária para mover o sistema. Os braços de Nexina são os conectores, transmitindo a força do motor de um microtúbulo para seu vizinho.

Há ainda outros conectores nesse sistema. Os contatos que o braço de Dineína estabelece com o microtúbulo, por exemplo, servem também como conectores. Conforme mencionado anteriormente, um sistema pode ser mais complexo que o sistema mais simples imaginável, e o cílio é um bom exemplo de tal sistema.

A complexidade do cílio é inerente à própria tarefa, ou seja, o cílio é de natureza inseparável aos seus componentes. Então, como surgiu o cílio de modo evolutivo?

Alguns biólogos evolucionistas, como Richard Dawkins, propuseram uma rota indireta plausível para o cílio, utilizando partes preexistentes da célula.

Para começar, microtúbulos existem em muitas células e, em geral, são usados como meros suportes estruturais, como se fossem vigas mestras, para sustentar a forma da célula. Além disso, proteínas motrizes participam de outras funções da célula. Sabe-se que elas viajam ao longo dos microtúbulos, usando-os como pequenas estradas para ir de um ponto a outro. Um argumento evolutivo indireto poderia sugerir que, em algum ponto, vários microtúbulos se juntaram, talvez para reforçar alguma forma particular de célula. Depois disso, a proteína motriz, que normalmente viajava pelos microtúbulos, poderia ter adquirido por acaso a capacidade de empurrar dois microtúbulos vizinhos, ocasionando um leve movimento de curvatura que, de alguma maneira, ajudasse o organismo a sobreviver. Outros pequenos movimentos teriam produzido gradualmente o cílio que encontramos em células modernas. Mas, como isso ocorreu exatamente?

Suponhamos, por exemplo, que queremos fabricar uma ratoeira. Na garagem, podemos ter uma tábua de madeira velha (para a plataforma, ou base), a mola de um velho relógio de corda, uma peça de metal (para servir como martelo) na forma de uma alavanca, uma agulha de costura para segurar a barra, e uma tampinha metálica de garrafa, que julgamos poder usar como trava. Essas peças, no entanto, não poderiam formar uma ratoeira funcional sem modificações excessivas e, enquanto elas estivessem sendo feitas, as partes não poderiam funcionar como ratoeira. Suas funções anteriores as teriam tornado impróprias para quase qualquer novo papel como parte de um sistema complexo.

No caso do cílio, encontramos problemas análogos. A proteína que sofreu mutação e que, por acaso, se ligou a microtúbulos, bloquearia sua função como “estradas” para transporte. Uma proteína que reunisse microtúbulos de forma aleatória desorganizaria a forma da célula – da mesma maneira como a forma de um prédio seria desorganizada instalando-se cabos que acidentalmente juntassem vigas mestras que sustentam o edifício. Um conector que reforçasse os feixes de microtúbulos como suportes estruturais tenderia a torná-los rígidos, ao contrário do conector flexível de nexina. Uma proteína motora não controlada, ao ligar-se a microtúbulos, separaria o que deveria estar bem junto. O cílio não ficaria de forma alguma na superfície da célula. Se aí não ficasse, a batida interna poderia desintegrar a célula; mas, mesmo que estivesse na superfície da mesma, a quantidade de proteínas motoras provavelmente não seria suficiente para movê-lo. Ainda que o cílio se movesse, um curso desajeitado não moveria necessariamente a célula. Centenas de outras dificuldades teriam de ser superadas antes que um cílio incipiente fosse um melhoramento para a célula.

Alguns trabalhos falam sobre a evolução do cílio. Um é de autoria de T. Cavalier-Smith, publicado em 1978 na revista BioSystems. O trabalho não tenta apresentar um modelo realista, quantitativo, nem mesmo para uma única etapa no desenvolvimento do cílio em uma linhagem celular que inicialmente não o possuía. Ele apenas descreve o que ele imagina terem sido eventos importantes ao longo do caminho para a formação do cílio. Ele afirma as seguintes frases: “flagelos [cílios longos com freqüência recebem o nome de “flagelos”] são tão complexos que sua evolução deve ter implicado numerosos estágios”; “Afirmo que, inicialmente os flagelos não precisariam ser móveis, mas que foram prolongamentos esguios de células”; “é provável que os mecanismos de fototaxia (movimento em direção à luz) tenham evoluído simultaneamente com os flagelos”.

As citações acima dão uma idéia das confusas descrições verbais características da biologia evolutiva. A falta de detalhes quantitativos – cálculo ou estimativa bem informados baseados em uma suposta estrutura intermediária de quanto uma dada mudança teria melhorado a capacidade ativa de natação de um organismo – torna essa história toda inteiramente inútil para compreendermos como o cílio poderia de fato ter surgido.

Um segundo trabalho é de um cientista húngaro Eörs Szathmary, que também publicou na BioSystems. Ele defende a idéia, que teve como inspiração o trabalho de Lynn Margulis, de que os cílios surgiram quando um grupo de bactérias nadadoras conhecidas como espiroquetas ligaram-se acidentalmente a uma célula eucariótica. Porém, as espiroquetas deslocam-se graças a uma estrutura denominada Flagelo. Contudo, o flagelo atua como se fosse uma hélice rotativa (devido possuir um motor rotativo), em contraste com o cílio, que age mais como um remo, além também de apresentar uma forma bastante diversa deste. Sua estrutura é inteiramente diferente da do cílio, onde seu filamento externo consiste somente da proteína “flagelina”.

O flagelo bacteriano é necessariamente composto de pelo menos três partes – um remo, um rotor, e um motor – ele é de complexidade irredutível. A evolução gradual do flagelo, assim como a do cílio, encontra obstáculos enormes.

O cílio contém tubulina, dineína, nexina e várias outras proteínas conectoras. Se tomarmos esses elementos e os injetamos em uma célula que não possua cílio, contudo, eles não se reúnem para produzir um cílio funcional. É preciso muito mais para se obter um cílio numa célula. Uma análise bioquímica exaustiva mostra que o cílio contém mais de duzentos tipos diferentes de proteínas e sua complexidade é imensamente maior do que pensávamos. As razões dessa complexidade ainda não estão claras e aguardam investigações experimentais ulteriores. Outras tarefas para as quais as proteínas podem ser necessárias, contudo, incluem a ligação do cílio a uma estrutura-base no interior da célula; modificação da elasticidade do cílio; controle da sincronização das batidas e reforço da membrana ciliar.

À medida que aumenta a quantidade de problemas refratários a uma interpretação gradualista, torna-se mais clara a necessidade de um novo tipo de explicação. Cílio e flagelos dificilmente serão os únicos problemas para o darwinismo. A coagulação sanguínea, o olho, o sistema imunológico, o próprio DNA são também alguns complexos irredutíveis de uma infinidade presentes atualmente.

Considerações Finais

Ao contrário da evolução darwiniana, a teoria do “Intelligent Design” (planejamento inteligente) é nova na ciência moderna, de modo que há uma série de perguntas que precisam ser respondidas e ainda resta muito trabalho pela frente. No que interessa aos que trabalham ao nível molecular, o desafio será determinar rigorosamente que sistemas foram planejados e quais podem ter surgido por intervenção de outros mecanismos. Chegar a uma conclusão de que houve planejamento requererá a identificação dos componentes de um sistema molecular interatuante e dos papéis que desempenham, bem como a verificação de que o sistema não é um composto de vários sistemas separáveis. Chegar a um forte pressuposto de que não houve planejamento, por outro lado, exigirá a demonstração de que um sistema não é irredutivelmente complexo, ou que não há muita especificidade entre seus componentes. A fim de tirarmos conclusões sobre casos duvidosos de planejamento será necessário o exame experimental ou teórico de modelos através dos quais um sistema poderia ter se desenvolvido de maneira contínua, ou uma demonstração de pontos em que o desenvolvimento do sistema seria necessariamente descontínuo.

As possibilidades precedentes são apenas perguntas óbvias que derivam de uma teoria de planejamento. Sem dúvida, mais perguntas, e melhor formuladas, serão feitas à medida que mais e mais cientistas se tornarem curiosos sobre o planejamento. A teoria do planejamento inteligente propõe revigorar um campo da ciência que se tornou desinteressante devido à falta de soluções viáveis para problemas sem saída. A competição intelectual pela descoberta do planejamento trará análises mais atentas à literatura científica e exigirá que afirmações sejam fundamentadas em dados sólidos. A teoria deflagrará abordagens experimentais e novas hipóteses que, de outra maneira, não seriam tentadas. Uma teoria rigorosa de planejamento inteligente será um instrumento útil para o progresso da ciência em uma área que tem estado agonizante há décadas.

Referências (retiradas do livro A caixa preta de Darwin)

Behe, Michael J. A caixa preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução/Behe, Michael J.; tradução, Ruy Jungmann; consultoria, Rui Cerqueira. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1997.

Bermudes, D.; Margulis, L. & Tzertinis, G. 1986. Prokaryotic Origin of Undulipodia, Annals of the New York Academy of Science, 503, p.187-197.

Darwin, C. 1872, Origin of Species, 6a. ed. 1988, New York University Press, Nova York, p.154.

Cavalier-Smith, T. 1978. The Evolutionary Origin and Phylogeny of Microtubules, Mitotic Spindles, and Eukaryote Flagella, BioSystems, 10, p.93-114.

Mann, C. 1991. Lynn Margulis: Science´s Unruly Earth Mother, Science, 252, p.378-381.

Schuster, S.C. & Khan S. 1994. The Bacterial Flagellar Motor, Annual Review of Biophysics and Biomolecular Structure, 23, p.509-539.

Szarthmary, E. 1987. Early Evolution of Microtubules and Undulipodia. BioSystems, 20, p.115-131.

Um comentário:

  1. Ola Dimitri!

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    Danilo

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