terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Homem moderno emigrou da África há menos de 100 mil anos, diz estudo

27/01/2011 AFP http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/


O Homo sapiens emigrou da África há menos de 100 mil anos, isto é, muito antes do que se pensava até agora, revelam ferramentas descobertas na península arábica, segundo trabalho que será publicado na edição desta sexta-feira (28) da revista científica americana Science.

A presença do homem moderno na península arábica pode remontar a 125 mil anos, segundo a equipe internacional de pesquisas chefiada por Hans-Peter Uerpmann, da Universidade Eberhard Karls em Tübingen, Alemanha.

O período no qual o homem moderno começou a emigrar do continente africano e a cronologia de sua dispersão pelo Mediterrâneo e ao longo da costa da península arábica têm sido tema de debate há tempos.

No entanto, a maioria dos vestígios e rastros descobertos até o momento levava a crer que esta migração teria ocorrido há 60 mil anos.

A equipe de cientistas, chefiada por Simon Armitage do Royal Holloway da Universidade de Londres, descobriu um conjunto de ferramentas no sítio arqueológico de Jebel Faya, nos Emirados Árabes Unidos, em particular objetos de sílex talhados em ambos os lados para cortar ou cavar, machados sem empunhadura e raspadeiras.

Os cientistas começaram a escavar em 2003 e inicialmente encontraram artefatos da Idade do Ferro, do Bronze e do Neolítico, mas depois descobriram estas ferramentas que remontam ao Paleolítico médio, período que se estende de 300 mil até 30 mil anos atrás.

Os arqueólogos recorreram a uma técnica chamada luminiscência por estímulo óptico, que permite medir há quanto tempo um objeto não está exposto à luz. Assim determinaram que estas ferramentas de pedra remontam a um período que vai de 100 mil a 125 mil anos.

Orangotangos são mais diversos geneticamente do que se pensava, mostra análise de DNA

26/01/2011 AFP http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/


Orangotango no zoológico de Jacarta; cientistas que acabam de concluir o primeiro exame de DNA da espécie em risco de extinção



Por Marlowe Hood 

Os orangotangos são muito mais diversos geneticamente do que se pensava, uma descoberta que pode ajudar em sua sobrevivência, afirmam cientistas que acabam de concluir o primeiro exame de DNA da espécie de macaco em risco crítico de extinção.

O estudo, publicado na edição desta quinta-feira da revista científica Nature, também revela que o símio - conhecido como "o homem da floresta" - quase não evoluiu nos últimos 15 milhões de anos, em forte contraste com o Homo sapiens e seu primo mais próximo, o chimpanzé.

Antes amplamente distribuídos pelo sudeste da Ásia, apenas duas populações do símio inteligente e escalador de árvores vivem na natureza, ambas em ilhas da Indonésia.

De 40 mil a 50 mil indivíduos vivem em Bornéu, enquanto em Sumatra o desmatamento e a caça fizeram reduzir uma comunidade que antes chegava a ter 7.000 indivíduos, segundo a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Segundo o estudo, estes dois grupos se separaram geneticamente por volta de 400 mil anos atrás, consideravelmente depois do que se pensava, e hoje constituem espécies separadas, embora com relacionamento próximo: o Pongo abelii (Sumatra) e o Pongo pygmaeus (Bornéu).

Um consórcio internacional de mais de 30 cientistas decodificou o sequenciamento completo do genoma de uma fêmea de orangotango de Sumatra, chamada Susie.

Eles, então, completaram as sequências de outros 10 adultos, cinco de cada população.

"Nós descobrimos que o orangotango médio é mais diverso, geneticamente falando, do que o homem médio", relatou o chefe das pesquisas, Devin Locke, geneticista evolutivo da Universidade de Washington no Missouri.

Os genomas de humanos e orangotangos se justapõem em 97%, enquanto que o de humanos e chimpanzés, em 99%, afirmou.

Mas a grande surpresa foi que a população de Sumatra, consideravelmente menor, demonstrou ter mais variações no DNA do que seu primo comum de Bornéu.

Embora perplexos, os cientistas disseram que isto pode aumentar as chances de sobrevivência da espécie.

"Sua variação genética é uma boa notícia porque, a longo prazo, permite que mantenham uma população saudável" e ajudará a dar forma aos esforços de conservação, explica o co-autor do estudo, Jeffrey Rogers, professor do Baylor College de Medicina.

No fim das contas, no entanto, o destino deste grande símio - cujo comportamento e as expressões lânguidas às vezes parecem assustadoramente humanas - dependerá da gestão que fizermos da natureza, afirmou.

"Se a floresta desaparecer, então a variação genética não importará. O habitat é absolutamente essencial", explicou.

"Se as coisas continuarem como estão nos próximos 30 anos, não teremos orangotangos na selva", advertiu.

Os cientistas também ficaram assombrados pela estabilidade persistente do genoma do orangotango, que parece ter mudado muito pouco desde que se ramificou para um caminho evolutivo separado.

Isto significa que a espécie é geneticamente mais próxima do nosso ancestral comum do qual se supõe que todos os grandes símios tenham se originado, de 14 a 16 milhões de anos atrás.

Uma pista possível para a falta de mudanças estruturais no DNA do orangotango é a relativa ausência, na comparação com os humanos, de marcadores genéticos conhecidos como "Alu".

Estes curtos segmentos de DNA compõem cerca de 10% do genoma humano - por volta de 5.000 - e podem aparecer em lugares imprevisíveis para criar novas mutações, algumas das quais persistem.

"No genoma do orangotango, nós encontramos apenas 250 novas cópias de Alu em um período de tempo de 15 milhões de anos", disse Locke.

Os orangotangos são os únicos grandes símios a viver principalmente em árvores. Na natureza, eles podem viver de 35 a 45 anos e em cativeiro, mais 10 anos. As gêmeas dão à luz, em média, a cada oito anos, o maior intervalo entre nascimentos entre os mamíferos.

Uma pesquisa anterior demonstrou que os grandes símios não são apenas adeptos de fazer e usar ferramentas, mas são capazes de ter aprendizado cultural, o que antes se pensava ser uma característica exclusivamente humana.

Trilhas de aves pré-históricas são mapeadas no Alasca

01/02/2011 REUTERS http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/





Pegadas fossilizadas de duas aves pré-históricas recém-descobertas foram encontradas no Parque Nacional Denali, no Alasca (EAU).

O paleontólogo Tony Fiorillo, curador do Museu de Natureza e Ciência em Dallas, disse à Reuters que várias espécies deixaram pegadas naquela região ártica. "O céu de Denali era um lugar bastante movimentado."

As duas espécies recém-descobertas foram batizadas por Fiorillo e sua equipe: Magnoavipes denaliensis, incorporando o nome do parque para uma ave que deixou pegadas particularmente grandes, e Gruipeda vegrandiunis, nome que alude à pequena dimensão dessas pegadas.

Fiorillo publicou suas descobertas na atual edição da revista "Journal of Systematic Paleontology". Pesquisas anteriores determinaram que pterossauros --répteis alados e voadores-- também viveram nessa região durante o período Cretáceo, disse o paleontólogo.

O Parque Nacional Denali, um dos destinos turísticos mais populares do Alasca, é também um dos melhores lugares do mundo para a descoberta de pegadas de aves pré-históricas, por causa das suas formações rochosas. "É a maior biodiversidade (do mundo) representada pelas pegadas", afirmou.

Algumas dessas pegadas são iguais às de espécies que viveram no mesmo período em latitudes mais meridionais da América do Norte e Ásia, o que indica que no Cretáceo elas faziam grandes migrações para procriar e nidificar no Alasca durante o verão, como acontece até hoje.

"Não é bonito pensar que no Cretáceo, 70 milhões de anos atrás, o Alasca pode ter servido para o mesmo tipo de necessidades aviárias que hoje?", disse Fiorillo, que desde 2006 faz escavações de pegadas pré-históricas em Denali, e antes disso já estudava outros fósseis no local.

Ele participou da primeira descoberta de pegadas de dinossauros no parque, em 2005, perto da estrada mais movimentada de Denali.

Segundo a pesquisa, além de aves Denali tinha também uma abundância de hadrossauros --dinossauros herbívoros, com bico de ornitorrinco.

Fiorilllo e seus colegas das Universidades do Texas e do Alasca-Fairbanks estimam que o Alasca tenha tido uma população de até 500 mil hadrossauros simultaneamente, o que equivale mais ou menos à atual população de caribous (um tipo de alce) nesse Estado norte-americano.

O clima no Alasca naquela época era bem mais ameno do que hoje. "Algo entre as temperaturas anuais de Calgary (Canadá) e Portland, Oregon (noroeste dos EUA)", comentou.

As descobertas foram apresentadas em uma conferência da União Americana de Geofísica, no mês passado, em San Francisco.