terça-feira, 20 de março de 2012

Voltado a jovens, livro explica a origem das espécies; leia trecho

31/12/2011 - 16h00 http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/


 da Livraria da Folha
Texto baseado em informações fornecidas pela editora da obra.


O macaco é nosso primo e houve um tempo em que éramos muito semelhantes a esse nosso parente. Essa história de família começou a ser revelada em 1859, com a publicação da obra
"A Origem das Espécies", de Charles Darwin, e provocou uma verdadeira revolução na ciência.
Em linguagem clara e acessível, o livro "Foi Assim que o Homem Descobriu que o Macaco É Nosso Primo" apresenta o caminho percorrido por paleoantropólogos, biólogos, primatólogos e geneticistas para conhecer e estabelecer as origens de nossa espécie.

Ao longo da obra, textos complementares e informações e pequenas biografias facilitam o acompanhamento das ideias expostas no texto principal.

Para garantir o rigor das informações, o livro tem como conselheiro científico Pascal Picq, paleoantropólogo do Collège de France, além de ser recheado de ilustrações bem-humoradas e diversas imagens que tornam a leitura ainda mais agradável aos jovens. Confira abaixo um trecho do livro.

*

1. Uma história de família movimentada

Uma notícia mal recebida...

O homem é primo do macaco. Mais ainda: o próprio homem é o que se chama de um grande símio. Para muitos, hoje em dia, essa história não tem nada de escandaloso, nem mesmo de perturbador: é coisa sabida e aceita. Mas não faz muito tempo - uns 150 anos - que compreendemos nosso parentesco com os macacos. A novidade chegou de forma repentina e, na hora, não foi nada bem recebida: quase ninguém queria acreditar, e os que desconfiavam que ela tinha uma parte de verdade trataram de abafá-la o mais depressa possível.

Na Europa, continente em que a notícia foi dada, algumas pessoas ainda duvidavam de que o homem pertencesse ao reino animal. Assim, o inglês Charles Darwin causou um tremendo choque com a sua teoria da evolução, segundo a qual o homem não só faz parte do grupo dos animais como, ainda por cima, nem sempre foi homem: tem um ancestral em comum com os grandes símios atuais.

A teoria da evolução foi uma grande revolução para a ciência. Antes dela, apesar de a maioria dos cientistas acreditar que temos muitos pontos em comum com os grandes símios, eles ainda colocavam a origem desse fato nas mãos de Deus.

... e mal interpretada

Para complicar ainda mais as coisas, começaram a entender a mensagem de Darwin erroneamente, resumindo sua teoria com a célebre frase: "O homem descende do macaco". Isso não faz o menor sentido, e foi necessário um século para nos livrarmos dessa má interpretação.

Somente na década de 1960 é que nosso laço de família com os grandes símios foi corretamente entendido. E, mesmo assim, nem por todo mundo! A teoria da evolução desencadeou reações violentas, principalmente por não corresponder ao relato da criação da Bíblia. Ainda hoje há adversários à teoria de Darwin, que a combatem em nome da Bíblia.

No entanto, atualmente os cientistas lutam com armas diferentes das usadas no tempo de Darwin: os fósseis descobertos pelos paleoantropólogos, os genes decifrados pelos biólogos e, enfim, os comportamentos de nossos primos estudados pelos primatólogos.

A família dos grandes símios é antiquíssima e suas origens remontam a milhões de anos, mas só a descobrimos recentemente. A história desse encontro é movimentadíssima e ainda não terminou...

2. Os grandes símios chegam à Europa

"Ele é negro de corpo e de pelos..."

Esqueça o que você viu na televisão, no cinema ou nos livros, descarte suas visitas ao zoológico, faça como se nunca tivesse nem sequer imaginado a existência dos grandes símios e ponha-se na pele de um viajante europeu da época das grandes navegações, entre os séculos XV e XVI. Você está na África Ocidental e, de repente, dá de cara com um chimpanzé, um bicho que nunca tinha visto e do qual nunca tinha ouvido falar. Você talvez o descrevesse como este viajante, citado por um contemporâneo seu, o tipógrafo Valentim Fernandes:

"Encontramos aqui um animal que se parece em tudo com um homem: ele é negro de corpo e de pelos, mas tem o rosto branco, e caminha ora sobre quatro patas, ora sobre dois pés, e é a coisa mais enganadora do mundo e a mais impressionante que há."

"Um animal que se parece em tudo com um homem", mas que não é um homem. É precisamente isso que vai perturbar todos os viajantes que encontram os grandes símios nesse período de muitas mudanças, em que os europeus acabam de fechar a porta da Idade Média e começam a descobrir o mundo.

As grandes descobertas

No fim do século XV, começam as grandes explorações marítimas (Cristóvão Colombo chega à América em 1492) e a Europa sai de mil anos de retração.Desde essa época, os europeus se instalam ao longo da costa da África Ocidental, nas Américas e no oceano Índico. Os portugueses, povo de navegadores apertados num pequeno território, são os primeiros a se lançar na aventura. O principal interesse dessas expedições marítimas é o acesso direto a mercadorias que não existem na Europa, como ouro e especiarias. Claro que a conquista de novas terras é bem-vinda.

Mas os navios não voltam carregados apenas de produtos comerciáveis: os navegantes trazem também, em malas, jaulas e gaiolas, um sem-número de plantas e animais desconhecidos. Essas "lembranças de viagem" deixam os estudiosos perplexos e abalam sua visão da natureza...

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