quarta-feira, 16 de maio de 2012

Relógio biológico evoluiu de forma similar em todos os seres vivos








Em Londres

O relógio circadiano, que rege o ritmo biológico dos seres vivos e se ativa a cada 24 horas, evoluiu há 2.500 milhões de anos de forma parecida em todos os seres vivos, informou nesta quarta-feira a revista britânica Nature.

Uma pesquisa liderada pelo neurocientista Akhilesh Reddy, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), mostra pela primeira vez que o chamado relógio biológico evoluiu de forma muito parecida desde o início da vida em todos os organismos, inclusive as bactérias, e que suas características são similares.


"Até agora se pensava que o relógio circadiano dos diferentes organismos tinha evoluído separadamente, e que cada um estava controlado por genes e proteínas diferentes. Nosso trabalho unifica a forma na qual o relógio interno controla o tempo", explicou Reddy à Agência Efe.


O relógio circadiano, responsável da regulação de um grande número de processos biológicos como o apetite, o sono e a vigília, está presente em todas as células, menos nas cancerígenas e funciona graças à produção de uma proteína denominada peroxirredoxina.


Os pesquisadores associam alterações nesta proteína com desordens como a obesidade, o diabetes, a insônia, a depressão, as doenças coronárias e o câncer, e por isso confiam que este estudo permitirá futuros avanços em relação a estas doenças.


Em um estudo divulgado no ano passado, Reddy já tinha conseguido demonstrar que os humanos não eram os únicos possuidores deste relógio biológico, que também pode ser encontrado em todos os demais organismos cujo DNA se encontra no núcleo das células, como animais e plantas.


Mediante a observação das mudanças químicas que a peroxirredoxina sofre durante o dia e a noite em ratos, moscas da fruta, fungos e bactérias, sua equipe descobriu agora que até as formas de vida mais primitivas, inclusive organismos sem núcleo, também estão reguladas por este relógio interno.


"É muito provável que todos os seres vivos tenham um mecanismo similar para medir o tempo em ciclos de 24 horas, o que representa uma descoberta completamente nova que nos permitiria investigar os ritmos circadianos em organismos nos quais não se suspeitava que os tivessem", declarou Reddy.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dinossauros herbívoros já estavam em decadência quando asteroide caiu na Terra







Até o fim do Cretáceo, os grandes dinossauros herbívoros estavam em decadência



Os grandes dinossauros herbívoros já estavam em decadência, ao contrário dos carnívoros, quando um meteorito provocou o desaparecimento de todos esses répteis ao cair na Terra há 65 milhões de anos, indica um estudo publicado nesta terça-feira (1º).
"Muita gente acha que a extinção dos dinossauros se deveu a um asteroide que matou todos eles", afirma o paleontólogo do Museu de História Natural de Nova York, Steve Brusatte.
"Hoje podemos dizer que, provavelmente, as coisas foram mais complicadas", acrescentou.
Alguns cientistas acreditam que os dinossauros terrestres desapareceram depois que um meteorito atingiu a Terra no período Cretáceo-Terciário.
Já o estudo publicado pela Nature Communications se baseia na comparação das estruturas dos esqueletos de 150 espécies diferentes de dinossauros terrestres para ver como mudaram com o tempo. O objetivo era saber se uma espécie declinava ou, ao contrário, estava aumentando suas possibilidades de sobrevivência.
Dessa forma, chegou0se à conclusão de que os grandes herbívoros com chifres ou bico de pato reduziram sua variedade durante os 12 últimos milhões de ano do Cretáceo.
"Estes dinossauros estavam se tornando cada vez mais parecidos uns com os outros, estavam perdendo a variedade. No geral, quando se vê uma redução da anatomia de um tipo, isso quer dizer que o grupo está em dificuldades", assegurou.
Ao contrário, os grupos que aumentam sua variedade têm maiores possibilidades de sobreviver porque podem ocupar novos nichos de habitat ou adaptar-se melhor à mudança, segundo o pesquisador.
Até o fim do Cretáceo, os grandes dinossauros herbívoros estavam em decadência, mas os grandes carnívoros e os herbívoros de tamanho médio prosperavam.
"O que se pode dizer com seriedade agora é que, quando o asteroide caiu e começaram as erupções vulcânicas, não atingiram um mundo no qual tudo estava indo bem, um mundo estático", avaliou Brusatte.
"Naquela época, os dinossauros, ou pelo menos alguns deles, conheciam importantes mudanças evolutivas e pelo menos esses herbívoros grandes estavam em decadência", concluiu.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Seleção natural afeta humanos mesmo com vida em sociedade

 

 

 

 

Seleção sexual continua atuando, apesar da prática da monogamia.
Conclusão é de estudo apresentado pela revista científica "PNAS".

 

 

Tadeu Meniconi Do G1, em São Paulo

Um estudo publicado nesta segunda-feira (30) pela revista científica “PNAS”, da Academia Americana de Ciências, indica que o ser humano continua sendo influenciado pela evolução, mesmo com as mudanças culturais ocorridas nos últimos 10 mil anos, desde que a Revolução Agrícola levou ao surgimento das civilizações. 
Mesmo em uma sociedade monógama, os humanos estão sujeitos à seleção sexual, um aspecto essencial na teoria da evolução de Charles Darwin. Por esse conceito, o sucesso de um indivíduo é medido pela quantidade de descendentes que ele deixa. Assim, suas características genéticas são deixadas para as gerações seguintes e tendem a se perpetuar na espécie.
“É como um livro. Se ele é bom, é reeditado várias e várias vezes”, comparou Alexandre Courtiol, pesquisador do Instituto Wissenschaftskolleg de Berlim, na Alemanha, um dos autores do estudo.
Segundo ele, o estudo serve como uma evidência contra a suposição de que a vida em sociedade teria deixado os humanos “imunes” à evolução.
A pesquisa foi feita com base em dados de cerca de 6 mil finlandeses que viveram entre os anos de 1760 e 1849. As informações mantidas pela Igreja dizem respeito a mortes, nascimentos, casamentos e situação econômica de cada um.
Foi o suficiente para que a equipe internacional de pesquisadores investigasse o efeito da seleção sexual, analisando o número de filhos de cada indivíduo.
A equipe de Courtiol chegou à conclusão de que os principais fatores que levaram à variação no sucesso reprodutivo dos indivíduos foram a sobrevivência aos primeiros anos de vida e a fertilidade. A riqueza não provocou diferenças significativas neste aspecto.
De forma geral, a possibilidade de seleção detectada nesta população humana está de acordo com medições feitas em outras espécies.
Courtiol afirmou, no entanto, que ainda não é prever como evolução pode afetar o futuro dos seres humanos. 

Estudo mostra seleção natural entre humanos em cidade canadense

 

 

 

Pesquisa analisou idade com que mulheres tiveram primeiro filho.
Segundo o autor, esse é o primeiro caso que comprova mudança genética.

 

 

Tadeu Meniconi Do G1, em São Paulo

Um estudo publicado nesta segunda-feira mostra que os seres humanos estão em evolução e que é possível haver mudanças genéticas de uma geração para a outra. A descoberta contraria a hipótese de que os avanços tecnológicos e culturais teriam neutralizado os efeitos da seleção natural.
Os pesquisadores da Universidade de Quebec, em Montreal, Canadá, chegaram a essa conclusão depois de estudar dados das mulheres da cidade de Ile aux Coudres, também no Canadá, durante 140 anos. De 1799 a 1940, quando o lugar era habitado por fazendeiros e pescadores, a idade média em que elas tiveram o primeiro filho caiu de 26 para 22 anos.
Engravidar mais jovem é uma vantagem biológica, pois permite a formação de famílias maiores e a gestação é mais saudável. “No contexto cultural deles, isso não era um problema e não havia controle de natalidade”, disse ao G1 Emmanuel Milot, autor principal do estudo publicado pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A análise estatística mostrou que a redução da idade média do primeiro parto foi consequência de uma mudança genética causada pela seleção natural. “Esse é o primeiro caso que comprova mudança genética”, afirmou Milot. Segundo ele, outros estudos recentes também indicam que a seleção natural ocorre entre humanos, mas nenhum tinha confirmado as mudanças genéticas.
O artigo sugere ainda que as políticas públicas relacionadas a questões como demografia e saúde precisam levar em conta as mudanças genéticas que podem ocorrer na população.