segunda-feira, 30 de abril de 2012

Biólogos descobrem 24 espécies de lagarto, e todas estão ameaçadas


Tipo de lagarto nativo da Jamaica (Foto: Joseph Burgess, Penn State University)



Tipo de lagarto nativo de Antigua (Foto: Karl Questel, Penn State University)

 

 

Animais da família 'Scincidae' são nativos do Caribe.
Predador reduz a população dos lagartos desde o século 19.


Um estudo publicado nesta segunda-feira (30) descreve 24 espécies ainda desconhecidas de lagarto que vivem na região do Caribe. Ao mesmo tempo em que entram nas páginas da “Zootaxa”, revista científica que traz a novidade, as espécies já vão para a lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).


Os lagartos recém-descobertos são todos da família Scincidae. Embora sejam semelhantes aos lagartos comuns, eles possuem características próprias. Alguns destes lagartos, em vez de pôr ovos, geram os filhotes dentro do ventre.

Blair Hegdes, pesquisador da Universidade da Pensilvânia e autor do estudo, acredita que esta peculiaridade esteja entre os fatores que colocaram em risco a existência destes animais. As fêmeas grávidas são mais lentas e vulneráveis aos predadores.

O principal predador dos lagartos é o mangusto, um mamífero carnívoro de pequeno porte. Os colonizadores levaram este animal da Índia para a região no século 19 para controlar o aumento da população de ratos, que tinham se tornado uma praga para as plantações de cana.

Além de atacar os ratos, os mangustos rapidamente incluíram os lagartos na dieta. A população dos répteis é muito pequena desde o início do século passado, por isso levou tanto tempo até que cientistas os descobrissem.

Os lagartos têm pequenas diferenças entre si que justificam a separação em tantas espécies. Desde o século 19, não havia na ciência a descrição de mais de 20 espécies de répteis de uma só vez.

Raciocínio lógico pode afetar fé em Deus, diz pesquisa





 











REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"



 Luciana Whitaker/Folhapress


Exposição a imagens de 'O Pensador' e verbos como 'ponderar' faz as pessoas se declararem menos religiosas


O "ministério da cultura" adverte: contemplar a escultura "O Pensador", do francês Auguste Rodin (1840-1917), pode fazer com que você fique menos religioso.

A frase soa como loucura, mas esse é um dos achados de um estudo que acaba de sair na revista "Science".

Trata-se, na verdade, de um caso particular de um fenômeno mais amplo: aparentemente, levar as pessoas a pensarem de modo mais "racional", por meio de influências sutis (como a exibição da célebre imagem do homem refletindo), reduz as tendências religiosas dos sujeitos.

A pesquisa é assinada por Ara Norenzayan e Will Gervais, da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), que estão entre os mais destacados estudiosos da psicologia da religião.

Eles partiram de uma hipótese apoiada por outros estudos, segundo a qual pessoas religiosas preferem usar a intuição ao processar dados, enquanto os não religiosos usam o raciocínio detalhado.

Os religiosos, por exemplo, acabam caindo com mais facilidade em "pegadinhas" lógicas, independentemente de seu QI ou nível educacional.

A dupla de pesquisadores combinou esse dado com uma técnica comum de psicologia experimental, o chamado "priming", que envolve o uso de um estímulo prévio para "preparar" a mente do participante de forma a reagir de certa maneira.

Sabe-se que o "priming" funciona em contextos educacionais. Se alunos de uma escola da periferia leem, antes de uma prova de ciências, sobre garotos pobres que se tornaram grandes cientistas, tiram notas melhores.

No estudo canadense, dezenas de voluntários tinham de realizar tarefas, metade das quais poderia levar a um "priming" do pensamento analítico, enquanto a outra metade era neutra.

Sabe-se que até ler um texto com letras miúdas pode favorecer a ativação desse tipo de raciocínio.

Os voluntários que fizeram as tarefas "analíticas" tiveram menos propensão a se declarar religiosos depois.

Para os pesquisadores, um motivo possível para isso é que a religiosidade depende de processos mentais intuitivos, como detectar "personalidade" no mundo -mesmo em contextos inanimados, como a natureza, o que levaria à crença em deuses. O raciocínio analítico poderia bloquear isso.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ursos polares surgiram há 600 mil anos, afirma estudo

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Urso polar no norte do Canadá (Foto: Hansruedi Weyrich/Science/AAAS)
 
Espécie é pelo menos quatro vezes antiga do que outras pesquisas diziam.
Adaptação do animal às mudanças globais pode ser difícil, dizem autores.

Um estudo publicado nesta quinta-feira (19) mostrou que os ursos polares existem há cerca de 600 mil anos, pelo menos quatro vezes mais do que os estudos anteriores estimavam. O resultado publicado pela revista “Science” não é apenas uma mera curiosidade, e pode ter implicações sobre o futuro da espécie.
A descoberta de que o urso polar é mais antigo do que se imaginava significa também que sua evolução foi mais lenta. Coincidência ou não, há 600 mil anos a Terra registrou temperaturas extraordinariamente baixas.

A equipe liderada por Frank Hailer, do Instituto Senckenberg de Pesquisas Naturais, em Frankfurt, na Alemanha, aponta uma possível relação entre a queda de temperatura e a evolução dos ancestrais dos ursos, que levou ao surgimento dos ursos polares.

Os autores acreditam que o processo de adaptação ao frio tenha sido lento, e temem pelo futuro dos animais. Os ursos polares já sobreviveram a outros aquecimentos globais, mas não tão rápidos quanto o atual – que é acelerado pela ação do homem. A falta de tempo de adaptação às mudanças climáticas pode significar uma séria ameaça à espécie, no raciocínio dos autores.

O atual estudo chegou a dados mais precisos porque usou uma metodologia diferente. A pesquisa que estimou a idade dos ursos em cerca de 150 mil anos analisou o DNA mitocondrial, que traça apenas a origem materna dos animais. Agora, o cálculo foi refeito com informações do DNA do núcleo da célula, mais detalhadas, e o novo resultado foi obtido.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Lacuna geológica explica explosão evolutiva há 600 milhões de anos

 
 
 
 
 
Trilobita do período cambriano, com a casca feita
de carbonato de cálcio
(Foto: Shanan Peters/Divulgação)
 

Mudanças na maré provocaram erosão e deixaram rastro nas rochas.
Processo alterou química da água e provocou mudanças nos seres vivos.

 
 
Há muito tempo, os biólogos sabem que, há cerca de 530 milhões de anos, o mundo passou por um período conhecido como “explosão cambriana”, quando organismos mais simples evoluíram para uma forma mais parecida com a que temos hoje, com o surgimento dos vertebrados.
Há muito tempo, os geólogos conhecem um fenômeno chamado “grande discordância”. Em alguns locais, como no Grand Canyon, nos Estados Unidos, pedras arenosas com 525 milhões de idade ficam lado a lado com rochas bem mais antigas, de até 1,74 bilhão de anos.
Um estudo publicado nesta quarta-feira (18) pela revista “Nature” buscou uma interseção entre as duas áreas de conhecimento e mostrou que os dois fenômenos podem ter a mesma causa.
Durante a explosão cambriana, formaram-se três minerais que hoje são importantíssimos para a vida como a conhecemos: o fosfato de cálcio, presente em ossos e dentes, o carbonato de cálcio, que aparece na casca dos invertebrados, e o dióxido de silício, presente no plâncton, a base da cadeia alimentar marinha.
“É provável que a biomineralização não tenha evoluído para alguma coisa, mas sim em resposta a alguma coisa”, afirmou o autor Shanan Peters, professor de geociências e autor do artigo, em material divulgado pela Universidade de Wisconsin, em Madison, nos EUA, onde ele trabalha.
Essa “alguma coisa” que motivou a evolução da vida foi, de acordo com a teoria dele, a mesma que provoca a lacuna percebida pelos geólogos: o movimento dos mares.
Há cerca de 650 milhões de anos, o nível do mar variava muito, pelo menos na América do Norte, onde o estudo foi feito. Era como se sucessivos tsunamis atingissem a região repetidamente. A rocha molhada reagia com o ar e liberava íons de elementos como cálcio, ferro e potássio. Em seguida, quando a maré subia, levava estes íons de volta para o mar.
Assim, a mudança na química da água teria sido um estímulo para a evolução dos seres vivos. Paralelamente, as rochas desgastadas vieram a ser cobertas por rochas mais novas, o que explica a lacuna na idade das rochas.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Criacionismo e evolucionismo tentam desvendar nosso passado e futuro

 

 








Professor Nahor Neves de Souza Junior,
da Unasp (Foto: Divulgação)

 

 

 

Professor Mario de Pinna, da USP
(Foto: Divulgação)
 

Teoria da Evolução, postulada por Darwin, é a mais aceita pelos cientistas

 

Na nova temporada do Globo Ciência, especialistas respondem às perguntas dos espectadores. O primeiro programa de 2012, traz respostas à questão levantada por Elizangela Queiroz, do Rio de Janeiro, que quis saber: “Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?”. O assunto tem tudo a ver com as teorias do criacionismo e do evolucionismo. Para os criacionistas, que acreditam que Deus é o criador de todos os seres, é claro que a galinha veio primeiro. 

Mas, para os estudiosos da evolução, que defendem que os seres vivos compartilham ancestrais comuns, foi o ovo que veio primeiro. A brincadeira é, na verdade, uma forma divertida de explicar conceitos fundamentais que nos ajudam a entender o que somos e para onde vamos. E essa discussão entre os adeptos das duas teorias é bem acirrada. 

O geólogo Nahor Neves de Souza Junior, da Universidade Adventista de São Paulo (Unasp), defensor do criacionismo, reconhece que a capacidade humana de produção de conhecimento é espantosa, e que eles nunca quiseram usar apenas Deus para a explicar a origem da vida.

“Não ficamos de braços cruzados, dizendo que Deus criou tudo. Eu vejo um robô, por exemplo, e fico impressionado com a inteligência humana. Mas acho que às vezes as explicações dadas pelos evolucionistas carecem de detalhes mais abrangentes.
Então antes do Big Bang não tinha nada? A vida surgiu do nada? Tendo em vista isso, só posso pensar que ou há uma divinização da natureza, ou existe Deus por trás da criação”, ressalta.

Já Mario de Pinna, professor titular do Museu de Zoologia da Universidade de Paulo (USP)  questiona, de cara, o termo “evolucionismo”. 
“Existe teoria da evolução. Temos algumas controvérsias em relação a mecanismos específicos do processo, mas não quanto à evolução em si. Não adotamos a ideia de que a vida surgiu do nada, e sim que houve uma transformação. Não é mágica. 
As aves são resultado da transformação de certos tipos de dinossauros, que punham ovos. Não há embate científico com o criacionismo, porque ele não existe como campo de pesquisa independente, tem apenas motivações sociopolíticas com ideias que já foram refutadas há muito tempo", diz o professor, explicando também que a ideia de seleção natural como mecanismo propulsor da evolução biológica é talvez a contribuição mais emblemática de Charles Darwin:
"A ideia é tão simples que poderia ter sido elaborada centenas, ou mesmo milhares, de anos antes. A seleção natural consiste na reprodução diferencial de indivíduos no decorrer das
gerações, com consequentes mudanças na frequência de características herdáveis (ou frequências gênicas) no decorrer do tempo. A variabilidade das populações fornece a matéria-prima sobre a qual a seleção atua, e variabilidade nova é suprida por mutações que ocorrem constantemente. Na época de Darwin e dos outros idealizadores da seleção natural, claro, não se conhecia quase nada sobre genética ou mecanismos de herança. Sabia-se, contudo, que a maioria das características dos seres vivos era herdável".

Em muitas ocasiões, os criacionistas são criticados por não apresentarem evidências científicas, o que o professor Nahor contesta. “Eu sou geólogo, tenho evidências científicas sim. Quando vejo os fósseis, é inevitável compará-los a um cemitério – eles se harmonizam com a narrativa bíblica do dilúvio. Minhas convicções criacionistas só aumentaram com o conhecimento científico, não diminuíram”, garante.
A ideia de um grande dilúvio planetário é somente um mito para o professor Mario de Pinna e para a maioria da comunidade científica. Segundo ele, é impossível entender nossa posição no mundo sem a perspectiva evolutiva. “A evolução sempre foi a melhor explicação para os fatos sobre os seres vivos. A elaboração de uma teoria evolutiva consistente durante os últimos 150 anos nos permitiu entender uma imensa gama de fenômenos biológicos. Descobertas revolucionárias, como a estrutura do DNA, somente confirmaram a perspectiva evolutiva. 
A organização em diferentes planos, do morfológico ao molecular, não deixa dúvidas de que as similaridades são herdadas de ancestrais comuns. O homem é um tipo de macaco, assim como é um tipo de mamífero, um tipo de vertebrado etc. A teoria evolutiva é a realização mais extraordinária da única espécie que conseguiu desvendar sua própria história”, diz.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Crateras de asteroides podem esconder vida em Marte, diz pesquisa

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/ 

 

 

 

 

 

Crateras formadas por asteroides podem acumular
micróbios (Foto: Divulgação/Universidade de
Edimburgo/via BBC)

 

Locais onde houve impactos aparecem como refúgio de organismos vivos.
Pesquisadores escavaram quase 2 km de profundidade para encontrá-los.

 

Crateras formadas pela queda de asteroides podem ser os locais mais propícios para se encontrar vida em planetas como Marte, de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Edimburgo.

Os cientistas acreditam que tais locais podem abrigar micróbios, sugerindo que crateras em outros planetas também podem 'esconder vida'.

Eles afirmam que foram descobertos organismos vivos sob o local onde um asteroide caiu na Terra há cerca de 35 milhões de anos.
Os pesquisadores escavaram por quase 2 km de profundidade sob a cratera de um grande asteroide que caiu em Chesapeake, Califórnia, EUA.

Amostras subterrâneas mostram que os micróbios estavam espalhados, de forma desigual, sob a pedra, sugerindo que o meio-ambiente estaria ainda se adaptando ao evento, mesmo 35 milhões de anos após o impacto.

Os pesquisadores dizem que o calor do impacto de uma colisão de asteroide mataria qualquer vida na superfície, mas falhas em rochas subterrâneas permitiriam que água e nutrientes chegassem até as profundezas, possibilitando a vida.

Segundo a tese dos cientistas, as crateras proporcionariam um refúgio aos micróbios, protegendo-os dos efeitos de mudanças climáticas, como aquecimentos globais e eras glaciais.

'As áreas profundamente fraturadas ao redor do local onde ocorreram os impactos poderiam proporcionar um refúgio seguro no qual os micróbios prosperariam por longos períodos de tempo' disse Charles Cockell, da equipe de pesquisadores.

'Nossas descobertas sugerem que a o subterrâneo das crateras de Marte podem ser um local promissor para se procurar por evidência de vida', completa.

Evolução de bactérias











cortesia de Max Wisshak
 
Imagem da caverna de Lechuquilla


http://www2.uol.com.br/sciam/noticias

Pesquisa sugere que resistência de microrganismos a antibióticos pode ser inata

por Katherine Harmon

A culpa de muitas cepas nocivas de bactérias se tornarem resistentes a classes inteiras de antibióticos costuma recair sobre o uso abusivo de fármacos e sobre pecuaristas zelosos com o trato de seus animais . Todavia, a capacidade de se defender de antibióticos pode ter origens profundas na história evolutiva das bactérias. Um novo estudo descobriu, em uma caverna de 4 milhões de anos, dezenas de espécies resistentes a antibióticos naturais e sintéticos.

Uma equipe de pesquisadores adentrou 400 m na distante e pouco visitada caverna Lechuguilla, no Novo México, para coletar amostras de bactérias. Como poucas pessoas chegaram às regiões mais profundas desde sua descoberta, em 1986, e a água da superfície leva milhares de anos para se infiltrar através da rocha densa da formação Yates até a caverna, a área é primordial para se estudar a resistência natural a antibióticos, observaram os pesquisadores ao publicar os resultados on-line em 11 de abril na revista PLoS ONE.

“Nosso estudo mostra que a resistência a antibióticos é inata nas bactérias”, relatou em declaração oficial o diretor do Michael G. DeGroote Institute for Infections Disease Research da McMaster University e coautor do novo estudo, Gerry Wright. “Pode ter milhões de anos de idade."

Membros da equipe também mostraram recentemente evidência genética de resistência a antibióticos em bactérias de solo de 30 mil anos atrás. Outros estudos descobriram sinais de resistência em seres encontrados no fundo do oceano e bem abaixo da superfície da Terra. Em ambos os casos, assim como na Caverna Lechuguilla, é improvável que microrganismos locais tenham sido contaminados por antibióticos modernos.
 

Por que os gatos sobrevivem a quedas de grandes alturas?

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/


 







 
Sugar sobreviveu a uma queda de 19 andares
 
A sobrevivência de uma gata na cidade de Boston, Estados Unidos, depois de uma queda de 19 andares, levantou a questão de como os gatos conseguem escapar vivos de quedas de grandes alturas.


A dona da gata, Brittney Kirk, tinha deixado uma janela entreaberta na semana passada para que a gata Sugar se refrescasse, mas ela saiu e caiu em um gramado.

Segundo biólogos e veterinários, a habilidade dos gatos de sobreviver a estas grandes quedas é uma questão simples de física, biologia da evolução e fisiologia.

"Este episódio recente não surpreende. Sabemos que animais exibem este comportamento e há muitos registros de sobrevivência de gatos (a grandes quedas)", disse Jake Socha, biomecânico na Universidade Virginia Tech.

Em um estudo realizado em 1987, que analisou casos de 132 gatos que caíram de grandes alturas e foram levados para uma clínica veterinária especializada em emergências em Nova York, os cientistas observaram que 90% dos animais sobreviveram e apenas 37% precisaram de atendimento de emergência para continuar vivos.

Um dos gatos, que caiu de uma altura de 32 andares diretamente no concreto, teve apenas um dente quebrado e um problema no pulmão. Ele foi liberado 48 horas depois.

 

Feitos para a sobrevivência

 

Cientistas afirmam que os corpos dos gatos foram construídos para resistir a quedas, desde o momento em que estão em pleno ar até o instante em que atingem o chão.

Eles possuem uma área de superfície do corpo grande em relação ao peso, o que reduz a força com que chegam ao chão em uma queda.

A velocidade máxima alcançada por um gato em queda é menor comparada a humanos e cavalos, por exemplo.

Um gato de tamanho médio com seus membros estendidos alcança uma velocidade máxima (ou velocidade terminal) de cerca de 97 quilômetros por hora, enquanto que um homem de tamanho médio chega à velocidade máxima por volta dos 193 quilômetros por hora, segundo estudo de 1987 dos veterinários Wayne Whitney e Cheryl Mehlhaff.

 

Árvores


Gatos são animais que vivem, essencialmente, em árvores. Quando não vivem em casas ou nas ruas de uma cidade, eles tendem a viver em árvores.

Biólogos afirmam que, sendo assim, cedo ou tarde eles acabam caindo. Gatos, macacos, répteis e outras criaturas vão saltar para capturar presas e vão errar, ou um galho da árvore vai se quebrar, ou o vento vai derrubá-los. Então, os processos evolutivos deram a eles a capacidade de sobreviver a quedas.

"Ser capaz de sobreviver a quedas é algo muito importante para animais que vivem em árvores e gatos estão entre estes animais", disse Jake Socha.

"O gato doméstico ainda mantém as adaptações que permitiram que eles fossem bons vivendo em árvores."

Segundo os biólogos, por meio de seleção natural, os gatos desenvolveram o instinto para sentir qual lado é o lado para baixo, algo análogo ao mecanismo que humanos usam para o equilíbrio.
Então, se eles tiverem tempo o bastante, conseguem torcer o corpo como um ginasta e posicionar os pés embaixo do corpo e, com isso, cair de pé.

"Todos que vivem em árvores têm o que chamamos de reflexo aéreo para endireitar", disse Robert Dudley, biólogo no laboratório de voo animal da Universidade da Califórnia Berkeley.

Pernas e paraquedas

 

Gatos também conseguem estender as pernas para criar um efeito de paraquedas, segundo Andrew Biewener, professor de biologia de organismos e evolucionária na Universidade de Harvard. No entanto, ainda não se sabe exatamente como isso desacelera a queda.

"Eles estendem as pernas, o que vai expandir a área de superfície do corpo", disse.

E, quando eles chegam ao chão, as pernas fortes dos gatos, feitas para escalar árvores, absorvem o impacto.

"Gatos têm pernas longas e bons músculos. São capazes de saltar bem, os mesmos músculos direcionam a energia para a desaceleração ao invés de quebrar ossos", explicou Jim Usherwood, do laboratório de movimento e estrutura do Royal Veterinary College.

Ângulos e gatos urbanos

 

As pernas de um gato estão posicionadas em um ângulo diferente das pernas de homens ou cavalos por exemplo.

De acordo com Jake Socha, este ângulo diferente faz com que as forças "não sejam transmitidas diretamente" em uma queda.

"Se o gato caísse com as pernas diretamente embaixo dele, em uma coluna, e (as pernas) o segurassem firmemente, aqueles osso se quebrariam. Mas elas (as pernas) vão para o lado e as juntas se dobram, e agora você está pegando aquela energia e colocando nas juntas, com menos força indo para os ossos", disse.

Steve Dale, consultor especialista em comportamento de gatos para a Winn Feline Foundation, afirmou que gatos domésticos em áreas urbanas tendem a estar acima do peso e fora de forma e, por isso, suas habilidades para conseguir se virar durante uma queda e cair em cima das patas é menor.

"Aquela gata (de Boston) teve sorte. Mas muitos, provavelmente a maioria, teriam tido problemas graves no pulmão ou então fraturas nas pernas, talvez danos na cauda e também uma fratura na mandíbula ou um dente quebrado", afirmou.

"A lição que se aprende é, por favor, coloquem telas nas janelas", acrescentou.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Liderança hereditária

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/














 


Thomas Schoch, Wikimedia Commons

É possível prever o status social de um macaco observando seus genes?

por Ferris Jabr

Macacos rhesus, entre os mais estudados de todos os primatas, estabelecem hierarquias em seus grupos sociais. Sempre que dois macacos disputam comida, por exemplo, ou o direito de se acasalar, o macaco de posição mais elevadgeralmente ganha. Primatólogos estabeleceram que macacos menos influentes costumam ser mais estressados que seus pares dominantes – os menos poderosos têm níveis mais altos de hormônios do estresse, por exemplo. E as diferenças em atividade genética: uma mudança de posição social alteraria a expressão genética? Sim, conclui um novo estudo que utilizou diferenças na expressão de genes para identificar a posição social de um macaco com cerca de 80% de precisão.

Jenny Tung, da Duke University, e seus colegas da University of Chicago (onde ela trabalhava na época do estudo), bem como vários colaboradores do Yerkes National Primate Research Center, estudaram 10 grupos de macacos rhesus, cada um com cinco fêmeas adultas. Os pesquisadores formaram os grupos incluindo uma fêmea por vez, permitindo uma construção cuidadosa da hierarquia social: as fêmeas introduzidas antes geralmente assumiam posição mais elevada. Assim, os cientistas sabiam exatamente as posições ocupadas por cada fêmea do grupo.

Jenny e seus colegas coletaram amostras de sangue dos primatas, isolaram os leucócitos e analisaram o DNA daquelas células. Descobriram 987 genes cuja atividade dependia da posição social: 535 genes que tinham maior expressão em indivíduos de alta posição e 452 com maior atividade em indivíduos de pouco status. Muitos genes estavam relacionados com o sistema imune – em especial, os genes ligados à inflamação eram mais ativos em indivíduos de pouca influência. Outros testes revelaram que os macacos de baixa posição social tinham ainda menos células T citotóxicas, um tipo de leucócito que ataca células infectadas e cancerosas. Pesquisa anterior sugere que o estresse da baixa categoria social compromete o sistema imune, o que corrobora a hipótese sobre as células T, mas pode ainda levar o sistema imune a responder desnecessariamente, o que reforça a hipótese sobre inflamação. As descobertas relacionadas ao estresse, ao status social e ao sistema imune não são claras. Outros estudos apontam, por exemplo, que uma posição mais elevada estressa mais.                                                                                                                                                                

Jenny escolheu dez perfis genéticos de forma aleatória e tentou prever a posição social do animal apenas com base na atividade do gene, obtendo sucesso em oito casos. Em outro teste, ela mostrou que a expressão do gene identificou corretamente o status social de seis entre sete primatas após eles mudarem de posição. O novo estudo aparece na edição de 9 de abril da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

A pesquisadora afirma que esta é a primeira vez em que ela foi capaz de prever a posição social observando apenas a expressão do gene. “Temos muitos biomarcadores de estresse”, explica ela, “mas eles em si não conseguem prever bem. Com os estudos completos de genoma, conseguimos observar milhares de biomarcadores ao mesmo tempo.”
 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Fascinante evolução do olho

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/ 











Cientistas já têm uma visão clara de como surgiram nossos olhos tão complexos



por Trevor D. Lamb  

O olho humano é um órgão extremamente complexo; atua como uma câmera, coletando, focando luz e convertendo a luz em um sinal elétrico traduzido em imagens pelo cérebro. Mas, em vez de um filme fotográfico, o que existe aqui é uma retina altamente especializada que detecta e processa os sinais usando dezenas de tipos de neurônios. O olho humano é tão complexo que sua origem provoca discussão entre criacionistas e defensores do desenho inteligente, que o têm como exemplo básico do que chamam de complexidade irredutível: um sistema que não funciona na ausência de quaisquer de seus componentes e, portanto, não poderia ter evoluído naturalmente de uma forma mais primitiva. Mesmo Charles Darwin admitiu em A origem das espécies, de 1859 – que detalha a teoria da evolução pela seleção natural –, que pode parecer absurdo pensar que a estrutura ocular se desenvolveu por seleção natural. No entanto, apesar da falta de evidências de formas intermediárias naquele momento, Darwin acreditava que o olho evoluíra dessa maneira.

Não foi fácil encontrar uma evidência direta para essa teoria. Embora pesquisadores que estudam a evolução do esqueleto possam documentar facilmente a metamorfose em registros fósseis, estruturas de tecidos moles raramente fossilizam. E mesmo quando isso ocorre, os fósseis não preservam detalhes suficientes para determinar como as estruturas evoluíram. Ainda assim, recentemente biólogos fizeram avanços significativos no estudo da origem do olho, observando a formação em embriões em desenvolvimento e comparando a estrutura e os genes de várias espécies para determinar quando surgem os caracteres essenciais. Os resultados indicam que o tipo de olho comum entre os vertebrados se formou há menos de 100 milhões de anos, evoluindo de um simples sensor de luz para ritmos circadianos e sazonais, há cerca de 600 milhões de anos, até chegar ao órgão sofisticado de hoje, em termos ópticos e neurológicos, há 500 milhões de anos. Mais de 150 anos após Darwin ter publicado sua teoria revolucionária, essas descobertas sepultam a tese da complexidade irredutível e apoiam a teoria da evolução. Explicam ainda porque o olho, longe de ser uma peça de maquinaria criada à perfeição, exibe falhas evidentes – “cicatrizes” da evolução. A seleção natural não leva à perfeição; ela lida com o material disponível, às vezes, com efeitos estranhos.

Para entender a origem do olho humano é preciso conhecer eventos ocorridos há muito tempo. Nós, seres humanos, temos uma linha ininterrupta de ancestrais que remonta a quase 4 bilhões de anos até o início da vida na Terra. Cerca de 1 bilhão de anos atrás, animais multicelulares simples se separaram em dois grupos: um com estrutura de simetria radial (parte superior e inferior, mas não anterior e posterior), e outro de simetria bilateral, com os lados direito e esquerdo espelhando imagens do outro lado, terminando em uma cabeça. Após cerca de 600 milhões de anos, os bilaterais se dividiram em dois grupos importantes: um deu origem à grande maioria dos animais sem coluna vertebral, os invertebrados; e outro, cujos descendentes incluem nossa própria linhagem de vertebrados. Logo após essas duas linhagens se separarem, ocorreu uma incrível diversidade de estruturas animais: a explosão cambriana que deixou sua famosa marca nos registros fósseis de 540 a 490 milhões de anos atrás. Essa explosão evolutiva lançou a base para a origem de nossos tão complexos olhos.

COMPOSTO VERSUS CÂMERA
o registro fóssil revela que durante a explosão cambriana surgiram basicamente dois tipos diferentes de olhos. O primeiro parece ter sido composto da versão observada atualmente em quase todos artrópodes (insetos, crustáceos e aracnídeos). Nesse tipo de olho, uma série de unidades idênticas de geração de imagens – cada uma constitui uma lente ou um refletor – irradia luz para alguns elementos sensíveis a ela, denominados fotorreceptores. Os olhos compostos são muito eficazes para animais de pequeno porte, pois oferecem um amplo ângulo de visão e resolução espacial moderada em volume pequeno. No Cambriano, essa acuidade visual pode ter dado aos trilobitas e a outros artrópodes primitivos uma vantagem de sobrevivência sobre seus contemporâneos. No entanto, olhos compostos são impraticáveis em animais maiores, pois o olho teria de ser enorme para proporcionar visão em alta resolução. Assim, com o aumento do tamanho do corpo, também aumentaram as pressões seletivas favorecendo a evolução do olho tipo câmera.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Cientistas descobrem espécie de tiranossauro com penas

04/04/2012 14h00 - Atualizado em 04/04/2012 17h11
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/



 

Bando de 'Yutyrannus huali', acompanhado pela fauna pré-histórica (Ilustração: Dr Brian Choo)

 

 

Espécie foi o maior animal com penas da história, diz estudo.
Penas teriam sido usadas para controlar temperatura do corpo.

 

 

Do G1, em São Paulo

Cientistas descobriram na China uma espécie de tiranossauro que tinha o corpo coberto por penas. O Yutyrannus huali é o maior animal com penas que já viveu sobre a face da Terra, segundo os autores do estudo publicado nesta quarta-feira (4) pela revista “Nature”.

O Tyrannosaurus rex e outros gigantes da mesma família viveram até 65 milhões de anos atrás, quando todos os dinossauros foram extintos. Porém, os parentes que deram início à linhagem eram, em sua maioria, animais pequenos.

Os pesquisadores encontraram três esqueletos do Yutyrannus, sendo um adulto e dois jovens. De acordo com as estimativas, o maior deles pesaria mais 1,4 tonelada, enquanto os dois menores teriam por volta de 500 quilos cada.

Com este tamanho e patas dianteiras bem curtas, este dinossauro certamente era incapaz de voar. As penas encontradas estavam apenas parcialmente preservadas, o que indica que elas não eram predominantes no corpo inteiro. Os cientistas acreditam que a função destas penas esteja ligada ao isolamento térmico.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cientistas encontram registro mais antigo do uso de fogo por hominídeos

02/04/2012 16h00 - Atualizado em 02/04/2012 17h02
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/ 



 

Pedaço de osso chamuscado há 1 milhão de anos
(Foto: Paul Goldberg/Divulgação)



Fundo da caverna Wonderwerk (Foto: R. Yates/Divulgação)

 

Descoberta recua a data do domínio do fogo em 300 mil anos.
Cinzas de plantas e ossos chamuscados foram encontrados em caverna.

 

Do G1, em São Paulo

 

Um estudo publicado nesta segunda-feira (2) pela “PNAS”, revista da Academia Americana de Ciências, indica que nossos antepassados começaram a dominar o fogo há um milhão de anos - 300 mil antes do que os pesquisadores acreditavam anteriormente.

O artigo afirma que esta é “a mais antiga evidência segura de fogo em um contexto arqueológico”.
A descoberta se baseia em fragmentos encontrados na caverna Wonderwerk, na África do Sul. São cinzas de plantas e pedaços de ossos chamuscados, aparentemente queimados dentro da caverna, e não trazidos de fora por fenômenos naturais.


Além disto, objetos encontrados no sítio arqueológico, como minério de ferro, também foram expostos ao fogo. A análise dos especialistas, feita com uma tecnologia em infravermelho, mostrou que a temperatura da fogueira de folhas e gravetos não passava de 700 graus Celsius.

O achado fundamenta estudos anteriores, que afirmam que o Homo erectus – antepassado do homem moderno – era adaptado à dieta de alimentos cozidos.

“O impacto de cozinhar alimentos é bem documentado, mas o impacto do controle do fogo teria alcançado todos os elementos da sociedade humana. Socializar em volta de uma fogueira de acampamento pode ser, na verdade, um aspecto essencial do que nos torna humanos”, afirmou Michael Chazan, um dos autores da pesquisa, em material divulgado pela Universidade de Toronto, no Canadá, onde ele trabalha.

No Peru, cientista encontra montes de 4 mil anos com formas de animais

02/04/2012 08h00 - Atualizado em 02/04/2012 08h00
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/ 



 

Monte em forma de orca tem cerca de 5 mil anos. Estes animais caçavam na costa peruana até pouco tempo atrás. (Foto: Divulgação / Google Earth Pro)



Um monstro em forma de puma é um dos desenhos com cerca de 4 mil anos. (Foto: Divulgação / Google Earth Pro)

 

 

Do chão, é difícil ver as figuras. (Foto: Divulgação / Google Earth Pro)


Elevações na terra foram feitas na mesma época da construção das pirâmides.
Desenhos tem até 400 metros de extensão e só podem ser vistos do alto. 

 

Do G1, em São Paulo

Um cientista da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, encontrou no Peru montes de terra gigantes com mais de 4 mil anos e formas de animais. Com até 400 metros de extensão, os desenhos na terra só podem ser vistos do alto. Entre as formas, estão um condor, uma orca e um monstro com características de puma.

"Alguns deles têm mais de 4 mil anos de idade. Os montes peruanos mais antigos estavam em construção no mesmo período histórico em que as pirâmides eram erguidas no Egito", afirmou o antropólogo Robert Benfer, em material de divulgação.

De acordo com o pesquisador, os montes podem ter sido construídos por povos peruanos antigos para representar o modo que viam as constelações.

Ele encontrou orientações astronômicas em todos desenhos. No monte em forma de condor, por exemplo, o olho do pássado está alinhado com a Via Láctea quando visto de um templo na região. Já o monte de monstro puma fica alinhado com o solstício de junho na visão a partir do mesmo templo.

Por isso, os montes poderiam funcionar como um calendário celeste, que ajudaria agricultores e pescadores a prever resultados da colheita e da pesca. "Saber que 21 de dezembro já tinha passado era muito importante. Se não houvesse sinal do El Niño até esta data, então os produtores saberiam que teriam outro bom ano", afirmou o antropólogo.

Estudo sugere que 'Australopithecus' seja ancestral do homem moderno

08/09/2011 16h58 - Atualizado em 09/09/2011 14h47
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/






Mão direita de fêmea 'Au. sediba' adulta,
comparada à de um humano (Foto: Peter Schmid /
cortesia de Lee Berger e da Universidade de
Witwatersrand)



Crânio de um jovem 'Au. sediba' (Foto: Brett Eloff /
cortesia de Lee Berger e da Universidade de
Witwatersrand)



Fóssil da pélvis do 'Au. sediba' (Foto: Peter Schmid
/ cortesia de Lee Berger e da Universidade de
Witwatersrand)

Análise da anatomia dos fósseis mostra que hominídeo usava ferramentas.
Acreditava-se que evolução da espécie era paralela à do gênero 'Homo'.

Do G1, com informações da France Presse 

O Australopithecus sediba foi um hominídeo que viveu há cerca de 1,9 milhão de anos, com algumas características de chimpanzé -- se balançava em árvores -- e outras de humanos -- conseguia fabricar ferramentas e andar ereto. Segundo um estudo publicado na edição desta quinta-feira (8) da revista Science, ele "tem o potencial de ser o ancestral que levou ao aparecimento do gênero Homo", do qual nós, humanos modernos, fazemos parte.

Até agora, acreditava-se que o primeiro fabricante de ferramentas tenha sido o Homo habilis. Esta crença se baseava em estudos de 21 ossos de mão fossilizados encontrados na Tanzânia, que datam de 1,75 milhão de anos atrás.

A pesquisa atual faz um exame mais detalhado de dois esqueletos parciais fossilizados de Au. sediba. Eles foram descobertos em 2008 em Malapa, na África do Sul, por Lee Berger, professor da Universidade de Witwatersrand, de Joanesburgo, no mesmo país. Neste sítio foram encontrados mais de 220 ossos de pelo menos cinco indivíduos, entre as quais crianças, jovens e adultos.

Além das mãos, o estudo incluiu o pequeno, porém avançado cérebro do Au. sediba, sua pélvis, que reflete uma postura ereta, e um conjunto único de pé e tornozelo que "combina características dos macacos e dos seres humanos em um único pacote anatômico", segundo Berger, que é o autor principal da pesquisa.

Dedos fortes

Após analisar a mão mais completa encontrada até agora, os especialistas concluíram que o Au. sediba tinha um polegar extralongo e dedos fortes, que teria usado para fabricar ferramentas, demonstraram as descobertas.

Os ossos da mão encontrados pertenciam a uma fêmea adulta, que tinha entre 20 e 30 anos ao morrer. Seus restos foram encontrados perto dos de um macho na infância, cujos ossos fossilizados também foram incluídos no estudo.

"A mão sediba revela uma surpreendente mistura de características que não teríamos previsto que pudessem existir em uma mesma mão", disse uma das cientistas, Tracy Kivell, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha.

"Tem um polegar longo, mas é surpreendente que este polegar seja ainda mais longo do que os que vemos nos humanos modernos", comentou.

"O punho estava mais bem preparado para suportar cargas maiores do que o que poderia durante o uso de ferramentas, por exemplo," e tinha dedos longos e estreitos, "capazes de agarrar com força", acrescentou.
"Esta morfologia nos sugere, assim, que o sediba provavelmente ainda usava suas mãos para subir em árvores", afirmou. "Mas é provável que também fosse capaz de executar as manobras de precisão que acreditamos ser necessárias para fabricar ferramentas de pedra", ponderou Kivell.

Tamanho não é documento

O cérebro do Au. sediba tinha um volume de cerca de 420 cm³, que está muito mais próximo dos 380 cm³ do chimpanzé do que dos 900 cm³ do Homo erectus. Porém, o formato lembra mais o do cérebro humano do que o dos macacos, o que indica que certas partes do sistema nervoso já estavam mais desenvolvidas.
"Estamos bastante seguros em nossa sugestão de que essa é uma evidência de que a reorganização aconteceu antes do aumento do tamanho do crânio", afirmou Kristian Carlson, também da Universidade de Witwatersrand.

"Certamente, nas comparações futuras, será interessante olhar para os primeiros espécimes do gênero Homo para tentar entender mais sobre como essa reconfiguração pode ter continuado e exatamente quão rápida foi o aumento do tamanho do crânio", completou.

Pés para que te quero

Os ossos do pé e do tornozelo de uma fêmea surpreenderam os paleoantropólogos, devido a sua estranha mistura de um arco do pé e um tendão de Aquiles com os dos humanos, e de um calcanhar e uma tíbia como os do macaco.

"Se os ossos não tivessem sido encontrados grudados, a equipe poderia tê-los classificado como pertencentes a espécies diferentes", disse outro dos autores do estudo, Bernard Zipfel, da Universidade de Witwatersrand.

Sem comparação

A análise realizada por uma equipe de 80 cientistas internacionais, detalhada em cinco artigos na Science, oferece novas pistas sobre como pode ter ocorrido a transição do macaco para o ser humano, mas também suscita muitas dúvidas sobre a evolução da espécie humana.

Os cientistas não estão certos se o gênero Homo, que inclui os humanos contemporâneos, evoluiu diretamente do Au. sediba ou se o essa era uma das chamadas espécies "sem saída" e as espécies do gênero Homo evoluíram em separado.

Um dos principais problemas que os paleoantropólogos enfrentam é o pouco que se sabe sobre o esqueleto do Homo habilis, já que há pouco material disponível para comparação.

"O registro fóssil dos primeiros Homo é caótico", disse outro cientista, Steven Churchill, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos. "Muitos fósseis são duvidosamente atribuídos a várias espécies ou sua datação é muito vaga", explicou.

Mas uma longa lista de todas as características avançadas que o Au. sediba compartilha com outras espécies de Homo, como o Homo habilis e o Homo rudolfensis, "sugere que é um bom ancestral da primeira espécie que todos reconhecem no gênero Homo: o Homo erectus", emendou.

Fóssil de pé de hominídeo pode mudar estudo da evolução humana

28/03/2012 17h38 - Atualizado em 28/03/2012 20h26  
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/



Ossos encontrados na Etiópia, comparados à
estrutura do pé de um gorila (Foto: The Cleveland
Museum of Natural History/Yohannes
Haile-Selassie)

Ossos do pé encontrados na Etiópia (Foto: The Cleveland Museum of Natural History/Yohannes Haile-Selassie)

Estudo mostra que 'Australopithecus' conviveu com outros hominídeos.
Ossos foram encontrados na Etiópia.


Do G1, em São Paulo

O fóssil de um pé encontrado na Etiópia pode mudar concepção dos cientistas sobre as espécies que deram origem aos humanos modernos. Segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (28) pela revista científica “Nature”, estes ossos mostram que diferentes espécies de hominídeos evoluíram paralelamente.

Os pesquisadores não sabem ao certo a que espécie pertencem os dedos e parte do peito do pé analisados. No entanto, eles têm certeza de que não se trata do Australopithecus afarensis, espécie da “Lucy”, famosa ossada de hominídeo encontrada na década de 1970 -- e esta é uma descoberta importante.

Até agora, os cientistas pensavam que o Australopithecus era a única espécie de hominídeo que viveu na região entre três milhões e quatro milhões de anos atrás. O fóssil analisado é de um animal que viveu há 3,4 milhões de anos, o que indica que estas duas espécies coexistiram.

Mesmo sendo uma parte pequena do corpo, o pé diz muito sobre a vida destes hominídeos. A estrutura lembra a do Ardipithecus ramidus, que viveu há 4,4 milhões de anos.

O dedo polegar se opõe aos demais – como em uma mão humana –, o que é um sinal de que eles eram adaptados a viver em árvores. O Australopithecus, por outro lado era bípede e tinha os dedos dos pés alinhados, como os humanos modernos.

Além do pé, os pesquisadores encontraram apenas alguns dentes, que não serviram para nenhuma conclusão científica. Estes achados foram feitas em 2009, e os paleontólogos seguem procurando por mais vestígios que possam esclarecer que espécie é esta.